quarta-feira, 2 de julho de 2008

O Caçador de CUH


Voltando após um hiato de alguns meses, dessa vez com assuntos mais lights...

(cof cof spoilers cof cof)

Vi esse filme aí ontem. As pessoas vivem dizendo que adaptações literárias não são coisas fáceis de se fazer e provavelmente elas estão certas. Esse livro, O Caçador de Pipas é bacana. Típico livro feito pra virar Best Seller, mas bem ou mal tem uma história bonita de redenção e tal. Mas é engraçado observar o sentido de moral desse nosso mundo moderno, o protagonista vive sua vida inteira atormentado por um tenso momento de covardia infantil, aonde viu seu amigo ser atacado e não fez nada. Sua redenção, 30 anos depois, consistiu basicamente em levar uma bela surra. Simplificando, devemos todos levar uma surra pra não sermos covardes? Divertido.

(claro que o livro não é isso, o autor não seria estúpido o suficiente pra fazer um personagem tão raso, há complicantes, mas não me apetece entrar nos tais)

Voltando ao filme: é uma bosta. Sinceramente, não me parece nem um pouco difícil fazer um filme bom a partir desse livro. O livro quase grita "eu quero ser um filme!". O roteiro é uma vergonha. Tudo previsível e manjado. É tipo, olhem, ele está tossindo, ele vai morrer. Sim, ele vai morrer. Olhem, a mocinha sorriu para o protagonista, eles vão se casar. Sim, eles vão se casar.

Eu tive vergonha também dos atores. Queria poder dizer que os atores afegãos, o descendentes, whatever, fizeram um bom trabalho, mas a atuação de todos eles foi triste.

A direção é do Marc Foster, que dirigiu os excelentes Em Busca da Terra do Nunca e Mais Estranho que a Ficção (e está dirigindo o novo filme do 007). Esperava muito do trabalho dele, mas nem ele se salva aqui. Direção muito burocrática. Tem alguns momentos de brilho, principalmente nas cenas das pipas, mas fica longe de salvar o filme. Mas também, se nem a direção de Filhos da Esperança salvou o filme, não era aqui que isso iria acontecer.

Vale pra quem já leu o livro, pelo menos eu gosto de ver adaptações de livros que eu já li, pra ver a visão das pessoas sobre algo que eu conheço e tudo isso, e vale pela trilha sonora, que é muito boa. No mais, fique longe.


Editando: Só um comentário que faltou. Algo muito simples que deixaria o filme umas 30x melhor: voice over. Não sou o maior dos fãs desse artifício, mas o livro é todo em primeira pessoa e não teria modo melhor de explicar e deixar claro tudo o que o roteiro não deixou do que com um narrador em off.

2 comentários:

suzie. disse...

Na verdade eu gostei do filme!
Assim, o que eu achei é que faltou um monte de detalhes que mostravam a profundeza do conflito entre os personagens, tipo toda a relação conflituosa entre o pai e o filho e a necessidade de ganhar afeto que este sentia, etc.
Depois eu me conformei, pensando que só no livro pra conseguir repassar a profundeza dos sentimentos dos personagens.
e eu imaginava o garoto vilão com a cara nojenta do draco malfoy, não sei pq.

Nandes disse...

Discordo completamente, existem livros em primeira pessoa que são completamente transmitidos pra tela sem voice over, voice over muitas vezes é recurso utilizado por diretores sem criatividade e competencia pra fazer um filme funcionar direito.

Ok, acho que isso se encaixa aqui.