terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

House of Amazing Cards


Resolvi começar a assistir essa série sem saber quase nada sobre ela. Só sabia que era sobre política, e séries políticas me atraem bastante (até hoje eu quero muito ver o resto de The West Wing, me ajude com isso Netflix). Quando eu vi que, além disso, ela era protagonizada pelo Kevin Spacey e que os primeiros episódios eram dirigidos pelo David Fincher, não pensei duas vezes.

E maaan, que decisão acertada. House of Cards é simplesmente sensacional.



Seguindo a tendência atual de protagonistas vilões (o melhor deles provavelmente sendo Walter White), a série conta a história do Deputado Francis Underwood (Spacey) em sua busca pelo poder. Ao contrário de Walter White, entretanto, não vemos um personagem bom que, aos poucos e devido às escolhas feitas na vida, vai se tornando mal. Underwood é um sociopata assustador desde a primeira cena do primeiro episódio, quando ele sacrifica um cachorro recém acidentado sem nem pensar duas vezes.

É um homem que sabe exatamente o que quer e que é capaz de praticamente qualquer coisa pra conseguir chegar ao seu objetivo. Pra isso, ele tem a ajuda de sua mulher (Robin Wright, que fez a Erica em Millennium, também com o Fincher), que é quase um espelho de Underwood: fria e calculista, embora no meio da temporada você perceba que nem sempre ela consegue se manter sempre firme (como Underwood consegue). A relação deles é interessantíssima, sendo mais a de aliados que a de amantes.


Mas o relacionamento que leva a série pra frente e a coloca em outro patamar é a de Underwood e Zoe Barnes (interpretada por Kate Mara, irmã da Rooney Mara), uma jornalista ambiciosa e brilhante. O relacionamento entre os dois dialoga um pouco com o meu último post, sobre fluxos de informação.


A sigilosidade de uma fonte é uma coisa sagrada para os jornalistas, em especial nos Estados Unidos. E isso é algo muito complicado. Assim, políticos inescrupulosos (como Underwood) podem vazar uma, duas informações sigilosas mas inofensivas. O jornalista, claro, as publicará rapidamente, vendo com felicidade que tudo era verdade e que sua reportagem foi um grande "furo". Até que um dia a "fonte" resolve vazar uma informação crítica, ou falsa, cuja publicidade atenderá apenas aos seus interesses. E, como essa fonte havia se provado confiável no passado, o jornal vai e publica, criando uma enorme polêmica ou confusão.

Esse tipo de relação é bastante explorada pela série, e é fascinante ver a maneira como Underwood joga com isso e como cada informação que ele passa para Zoe é cuidadosamente planejada para ter um efeito específico. E suas manipulações e jogos políticos não param por aí. A cidade de Washington parece um grande tabuleiro de xadrez onde Underwood vai mexendo peça por peça em busca do seu objetivo. Obviamente, porém, ele não é o único jogador e nem sempre as coisas dão totalmente certo pra ele, mas é justamente nessas horas que a gente pode observar as mudanças de estratégias que são também incríveis.


Nada que eu vá escrever aqui será suficiente para enaltecer o trabalho que o Kevin Spacey faz nessa série, mas eu não posso deixar de dizer o quão especial sua atuação é. Não que o resto do elenco fique muito pra trás: as atuações de um modo geral são todas fantásticas.

Outro ponto legal da série que eu não posso deixar de mencionar é o modo como Underwood conversa com o espectador frequentemente durante os episódios, falando e olhando diretamente para a tela. Isso nos aproxima do personagem e em determinados momentos auxilia o roteiro ao explicar determinadas ambições ou estratégias.

E a temporada acaba de maneira brilhante. Ela tem um closure, mas ao mesmo tempo muitas coisas grandes estão prestes a acontecer. É o cliffhanger perfeito. Por pura coincidência, dei a sorte de terminar de ver a série uma semana antes do lançamento da segunda temporada, então dia 14 de fevereiro estamos aí!

Um comentário:

Nathália disse...

Knock knock!