Sábado, 21 de Fevereiro, 18h
Acabei não escrevendo aqui nessa semana que passou, mas acredito que eu tive meus motivos. De segunda a quarta meus dias não foram dos mais emocionantes, o que me fez esperar ter algo pra contar antes de escrever aqui. A partir de quinta, porém, as coisas pegaram um ritmo alucinante e eu realmente não tive tempo de parar na frente do laptop. Agora mesmo eu estou aqui, mas estou ridiculamente cansado e só a vontade de atualizar mesmo me mantém acordado.
Segunda eu tirei o dia pra fazer compras. Fui com a Deda e o Luis até o saudoso Namdeamun, aonde comprei várias roupas. Estava um frio aterrorizante. Terça, novamente, fui a Insadong, aonde comprei presentes aleatórios para pessoas aleatórias.
Quarta fiz um programa mais interessante. Fui até o War Memorial, que é um museu enoooorme só sobre as guerras vividas pela Coréia, desde o período medieval até as forças expedicionárias coreanas na Somália e em outros. Claro que o maior foco é a Guerra da Coréia, e é aonde tem as coisas mais interessantes. Mas o museu é realmente enorme e muito bem feito. Tem várias esculturas lindas na entrada e dentro do museu existem uma reproduções em tamanho real de batalhas e outras coisas, algo realmente sensacional. Tem também vários veículos à mostra, desde tanques até aviões. Foi o museu mais divertido que eu fui aqui.
Quinta feira eu madruguei. Estava planejando voltar no Bukhansan National Park, então acordei bem cedinho, arrumei minha mochila e fui-me. Estava frio pra cacete, temperatura negativa. Foi engraçado, eram umas 7h quando eu saí, aí aqui do lado tinha umas 20 crianças e adolescentes estrangeiros esperando o ônibus pra escola (ou assim parecceu). Tinha um garoto ruivo ruivo, no melhor estilo Rony Weasley. Me senti na Escócia ou algo por alguns momentos.
Caminhei até o mercado, comprei duas garrafinhas de água. Depois fui até o Subway comprar um sanduíche pra comer lá, mas estava fechado. Felizmente do lado havia um tal de Quiznos Sub, que descobri ser basicamente a mesma coisa, então pude pegar meu metrô feliz e contente, com a certeza que de fome eu não morreria.
Fui até a última estação da linha 3, Gupabal. Mas o parque ainda não estava ali. Tive que pegar um ônibus, que eu não fazia idéia de qual era, mas eu sou muito esperto e segui uns coreanos vestidos de hiking (sim, pq eles tem todo um uniforme, é impressionante).
Cheguei enfim ao parque. Já disse bastante como ele é bonito, então não vou repetir, mas ele é. Eu planejava ir até a maior montanha de lá, mas o Mr. Kwon me ligou e disse que tinha falado com o serviço de montanhas do parque e eles disseram que estava muito perigosa a subida, porque ainda tinha muito gelo na pedra e eles pediam pra ninguém subir. Então ele me sugeriu outra montanha e pediu pra eu dar o telefone pra algum coreano que estivesse perto de mim. Ele falou com o coreano por algum tempo e pediu pra ele me indicar o caminho, o que ele fez. Enquanto ele estava no telefone, porém, eu fiquei brincando com o maior cachorro do mundo. Sério, pena que eu não lembrei de tirar uma foto, porque era algo assustador. Ele tinha cara de husky, mas muito muito peludo e muito muito maior. Lindo.
Já com uma direção, fui em frente. Cheguei até o grande portão no cume do morro depois de umas 2h. Achei uma pedra confortável por ali e sentei pra comer meu sanduíche. Enquanto eu comia, toda pessoa que passava parava pra me dar oi, alguns até ficaram um tempo conversando, o que não quer dizer que eu tenha entendido alguma coisa, porque nenhum deles conseguia falar inglês direito. Uma senhora inclusive me deu uma tangerina. Mó legal.
Depois andei um pouco pelo cume para o lado esquerdo, aonde cheguei a uns lugares fodas. Tirei umas fotos e voltei, e resolvi subir pelo lado direito, aonde ficava um dos grande picos do parque. Lá que o negócio ficou assustador. Primeiro pelo frio. Já estava bastante frio, mas lá em cima, na pedra lisa, você não tem proteção nenhuma e o vento castigava. Estava fácil uma sensação térmica de -15 e talvez mais. Aí eu tinha que subir pelo cume, na pedra lisa, com aquele vento na minha cara, a uma altura de uns 700m. Foi bem desesperador, mas eu descobri que eu sou um cara bem orgulhoso com essas coisas. Enquanto eu lá estava tremendo de frio e nervoso, vários coreanos passavam por mim tranquilões, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Engoli meu medo e fui em frente, chegando enfim ao topo, aonde tem uma pedras empilhadas, um negócio meio stonehenge, mó foda. Me senti mó feliz de ter chegado até lá.
(acabei de ler o Stonehenge do Cornwell aliás, o que não tem nada a ver com o assunto, mas me veio na cabeça).
Depois, voltei. Pensei em voltar pelo outro lado do morro, mas é fato que eu me perderia, então voltei por onde eu tinha subido. Estava exausto. Eu caminhava, caminhava, aí vinha uma placa escrito 'exit, 5,3km'. Desesperador. Mas fui indo, e enfim, cheguei na saída.
Quando eu estava perto da saída, um coreano veio falar comigo. Perguntou 'where are you going?'. Eu disse que pra saída. Ele assentiu e continuou andando na mesma direção, como estava antes. Quando chegamos na saída ele falou comigo de novo 'ok, here is the exit, where are you going now?' hahuahuahuha conversamos um pouco e ele me ofereceu uma carona até o metrô. Fiquei meio assim de aceitar, não conhecia o cara nem nada, mas minhas experiências com o povo coreano tem sido tão positivas que eu aceitei a carona. Fiz bem, porque o cara era realmente gente fina e aquela carona me salvou muito tempo e cansaço.
Saltei aqui perto, ainda comi outro Quiznos Sub e voltei pra casa, aonde desmaiei de cansaço (já eram umas 17h). Acordei pra jantar (me acordaram, actually) e depois resolvi dar uma saída, pra aproveitar meus últimos dias aqui e tal. Fui no Woodstock, como sempre. Estava vazio, provavelmente pelo frio e por ser uma quinta feira, mas ainda assim foi divertido, fiquei lá até umas 2h conversando com o mr. woo e com as garçonetes bonitinhas dele. Na volta pra casa começou a nevar bastante, foi mó momento mágico assim [gay].
Needless to say que eu dormi pra sempre e acordei bem depois de meio dia na sexta. Meus joelhos estavam rangendo de tanta dor, pelo esforço do dia anterior. Almoçei e fui com a Deda até o Bus Terminal, aonde tem um mercado subterrâneo gigantesco. Roupas, roupas e mais roupas. Eu achava que o Nandeamun era barato, mas tinha umas coisas impressionantes ali. Uns montes de roupas, tudo jogado e bagunçado, mas enormes, cada peça custando um won. Sim, UM won, ou dois reais, se você preferir. Claro que grande parte era vagabundo, mas tinha muita coisa legal. Pena que basicamente só tinha roupa pra mulher, então pra mim eu não comprei basicamente nada.
Voltamos pra casa umas 7h, aonde eu jantei com a minha tia, como sempre. Depois tomei um banho rápido e fui com a Deda e o Luis até um restaurante aqui perto, aonde era aniversário de um amigo deles, um brasileiro que mora aqui. Só tinha brasileiro na mesa, umas 8 pessoas. Fiquei lá por cerca de uma hora, com a minha costumeira sociabilidade e depois fui embora.
Peguei o metrô e tentei algo diferente dessa vez. Fui até Hongik University, que eu já tinha ido uma vez com meu irmão. Aqui em Itaewon tem muita gente a noite e tal, mas eu acho que os coreanos mesmo vão pra Honkig, porque lá fica incrivelmente cheio de gente na rua.
Eu estava procurando um bar chamado Sapiens 7, que pelo o que eu entendi tinha bandas de metal tocando as vezes. Depois de muito perguntar, finalmente consegui uma alma caridosa que basicamente me levou até o lugar assim.
Cheguei lá eram umas 22h30 e eu pensando "po, tá cedo ainda". Nada, mó vazio o lugar. Tinha só uma mesa ocupada por um grupo de pessoas e nada mais. Fiquei conversando com a garçonete e ela disse que o show já tinha acabado, que os shows lá começam umas 19h. Que espécie de show começa as 19h po? O lugar parece ser bacana, porém, o dono (ou gerente, sei lá) é um coreano com o cabelo maior que o meu que toca numa banda coreana de black metal. Tava até vendendo os cd's dele lá, por 7 wons. Pensei em comprar, mas tinha cara de ser ruim demais, não quis gastar meu dinheiro naquilo. Tomei uma cerveja só e voltei para o meu canto, pro Woodstock.
Que hoje estava animado pra caramba. Cheio de gente, uma banda boa que eu já tinha ouvido antes, a que tocou Stones e bla. Tocaram The Doors, foi mó divertido. Depois que o show acabou o bar foi esvaziando. Aí começou aquela briga pra escolher a música lá no computador hahuhahua
Eu sempre fico lá escolhendo músicas, mas procuro dar uma balanceada. Não vou sair botando só metal, primeiro porque não é legal, depois porque ninguém ia gostar assim. Aí foi engraçado que veio uma coreana de seus 30 anos já assim e botou várias músicas do Metallica. E Metallica bom assim, Master of Puppets, Battery. Mó foda e ela mó não tinha cara de quem ouvia isso huahuauha aí eu comentei com ela que curtia Metallica e ela ficou que nem uma louca lá do meu lado gritando BATTERY! BA ,TTE, RY! O pessoal pedindo pra tocar algo mais light e ela lá empolgadona huahuahuahua.
Ela foi embora em seguida, no fim ficou só eu, o mr woo e uma garçonete, um americano gente fina que está sempre lá e 3 alemães mó legais. O mr. woo ficou jogando sinuca com um dos alemães, o americano ficou tentando pegar a garçonete enquanto ela ficava dando foras nele e eu e os outros dois alemães ficamos ouvindo the doors nas alturas, cantando e dançando hahuahuhua depois ficamos conversando aquelas conversas de bêbado aonde nada parece fazer muito sentido e tudo parece mágico. Saí de lá 6h da manhã com eles me prometendo que eu seria o embaixador que ia salvar o mundo da bagunça ou algo do tipo.
Hoje tive que fazer um belo esforço pra acordar cedo, pois minha tia tinha marcado um passeio a uma cidade aqui perto. Acordei ainda meio tonto, mas fiz um esforço e fui. Valeu a pena, porque a cidade é realmente muito bonitinha, era uma cidade fortaleza em tempos idos então ela tem uma muralha envolvendo-a e alguns palácios muito bonitos. Voltamos umas 17h, eu dormi a viagem de volta toda.
Agora sentei aqui. Estou bem cansado, mas volto pro Brasil amanhã, então quero aproveitar minha última noite em terras coreanas. Mas ainda tenho que arrumar mala e tudo mais, então nem devo voltar tarde.
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