sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Oriente-se! (18) - Zona Desmilitarizada!

Sexta-feira, 13 de Fevereiro, 14h30


Ok, esse título é uma grande mentira, porque todo mundo lá está armado até os dentes (é a zona desmilitarizada mais armada do mundo). Mas foi um dos auges da viagem até agora, ontem fiz um tour até a zona desmilitarizada que divide a Coréia do Sul da Coréia do Norte e até a cidade de Panmunjon, aonde fica a Joint Security Area, que, como o nome diz, é mantida pelos dois lados.

As coréias ainda estão em estado de guerra. Embora não haja nenhum conflito desde a década de 50, a paz nunca foi assinada e o que impede as coréias de voltar ao conflito é o armistício assinado em 1953 em Panmujon. Esse armistício dividiu oficialmente as coréias em duas partes e criou a zona desmilitarizada na fronteira. Dentro dessa zona desmilitarizada foi criada a Joint Security Area, que era uma área organizada conjuntamente.

Essa organização durou até 1976, quando aconteceu o Axe Murder Incident. Um grupo de homens sul coreanos e americanos foi mandado pra cortar uma árvore que bloqueava a visão entre dois postos de observação. Chegando na árvore, havia um grupo muito maior de norte coreanos, que atacou o primeiro grupo, matando dois homens. Desde então, a Joint Security Area foi também dividida em duas, e hoje a única parte realmente neutra é uma pequena casa aonde os líderes de ambos os países se reúnem para acordos diplomáticos ou coisa do tipo. A casa fica exatamente em cima de uma tira de cimento que marca a divisão.


Mas deixemos essa parte interessante da história (mas que eu sei que ninguém liga) um pouco de lado e falemos do passeio.


Fui com o Luis, saímos daqui antes das 8h (!) e fomos até o hotel mais luxuoso da cidade, de onde sairia o tour. Fomos de ônibus até a cidadezinha de Imjingak, aonde pudemos ver a Freedom Bridge, aonde prisioneiros da Coréia do Norte foram libertados. Tem vários monumentos por ali, a maioria em homenagem a participação dos Estados Unidos na guerra.

De lá fomos até o Terceiro Tunel. A partir da década de 70, foram descobertos diversos túneis pela fronteira, que alegadamente os norte coreanos construíam com o intuito de invadir a Coréia do Sul. Fomos até o terceiro desses túneis, descemos até lá embaixo, muito irado. Só não é indicado pra pessoas muito altas ou com problema de coluna, porque vc tem que ficar meio abaixado o tempo inteiro.

Depois disso fomos até o Dora Observatory, que eu acredito que seja muito legal normalmente, mas o tempo estava tão foggy que não conseguimos ver muita coisa. Mas teria dado pra ver Kesung, a segunda maior cidade da Coréia do Norte. Então fomos para Dorasan Station, a estação de trem mais perto da fronteira. Bonita a estação, mas também não tinha nada de muito excitante lá.


Pois a parte realmente excitante vinha em seguida, depois do almoço (coreano). Entramos em Panmunjon, aonde o nível de segurança cresce exponencialmente. Não podemos ficar nenhum momento sem a presença de soldados e só podíamos andar por lá em filas indianas.

Fomos primeiro ao Camp Bonifas (nome em homenagem ao soldado que morreu no Axe Murder Incident), aonde vimos a casa de comando das Nações Unidas (que ainda tem homens lá) e assistimos um pequeno vídeo que falava sobre a guerra e o local. Depois fomos até a Joint Security Area, aonde entramos na casa que fica em cima da MDL (military demarcation line, que marca a divisão entre os dois países). A casa é bem pequena e tem apenas uma série de mesas, aonde os líderes de ambos os países podem se encontrar para discussões diplomáticas e tudo mais. A mesa principal, inclusive, está na mesma linha da demarcação da fronteira, de modo que as pessoas possam sentar e mesmo assim estarem do lado do seu país. Do lado de fora, muitos guardas da elite coreana, assim ccomo alguns guardas norte coreanos do outro lado. Justamente por isso, o lema dos sul coreanos é "In Front of Them All".

Depois disso fomos até um dos postos de guarda, aonde podemos ver bem de longe a "propaganda village", que é uma cidade fantasma na coréia do norte, onde até hoje existem auto falantes que fazem propaganda do governo norte coreano. Ainda assim, alguns trabalhadores são vistos lá, para manter a cidade e administrar a bandeira, que está colocada no alto do maior mastro do mundo (160m). Depois fomos até o local do Axe Murder Incident, aonde hoje existe um monumento e passamos em frente a Bridge of No Return, aonde em 1953 os prisioneiros de guerra de ambos os lados foram soltos. Eles podiam escolher pra que lado ir, mas depois de escolhidos, jamais poderiam voltar para o outro lado (daí o nome).


Depois de tanta coisa, voltamos para o ônibus, aonde eu dormi profundamente até chegarmos em casa. Jantei e depois fui dormir de verdade, pois estava muito cansado. Hoje o dia amanheceu nublado e logo começou um belo temporal, que dura até agora. Dia também conhecido como "dia pra se ficar em casa" =)

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