domingo, 24 de agosto de 2008

Sobre a Felicidade

Eu não acredito na felicidade nem na infelicidade como algo permanente, não aceito frases do tipo "eu sou feliz!" ou "minha vida é uma merda!", considerando-as ilusórias tanto pro bem quanto pro mal. O problema se dá basicamente no tempo verbal, ser ao invés de estar. Algo tão transitório quanto as vidas humanas deveriam raramente usar o verbo ser e usar muito mais o verbo estar.

Dessa forma, ninguém é feliz, mas está feliz, assimo, a vida de ninguém é uma merda, mas pode estar uma merda. Tempo. Ele resolve ou estraga tudo. A vida é dividida em eternas fases de humores variados, que duram tempos variados.

O ser humano foi amaldiçoado (ou abençoado) com o sentimento do tédio. Eu tenho uma noção schopanhauriana de vida, aonde nossas vidas se baseam em desejar, satisfazer-se, entediar-se e desejar de novo. Estamos eternamente fadados ao desejo, a nunca poder chegar ao nosso objetivo e aproveitá-lo pelo resto de nossas vidas, mas a sempre desejar mais e mais, numa corrida viciante e alucinada até o único ponto certo que é a morte.

(Alguns argumentarão que isso é algo benéfico, pois previne a estabilidade excessiva do homem, fazendo com que ele sempre busque coisas novas, sempre procure inovações que não permitirão que a evolução humana pare no tempo. Não discuto a veracidade disso, mas discuto o valor. Não tenho muita confiança na evolução humana pois ela parece só alimentar a infelicidade humana. De qualquer forma, o estado de natureza rousseariano me soa muito mais agradável. Sei lá.)


Escrevo toda essa ladainha não sei por que motivo, pois a única coisa que eu tinha a dizer era: eu estou feliz. É bom quando a vida começa a dar certo e tudo vai bem, em todos os campos. Raros são esses momentos, e (como explicado acima) eu sei que amanhã tudo já pode estar diferente, por isso queria deixar isso registrado aqui. Talvez, num momento de infelicidade futuro, eu possa ler isso e voltar a acreditar um pouco mais em minha vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom tema. E o uso do verbo "ser" também me irrita, bastante.

Belo texto também. Simples, despretensioso, com uma pitada de desabafo pessoal.:)